terça-feira, 16 de abril de 2013

Sobre a Sombra e nosso poder interior






"Empreender o caminho iniciático é o mesmo que percorrer o caminho que leva a nós 
mesmos, a nosso eu real. Durante todo o processo de desenvolvimento que antecede à iniciação é muito importante observar o progresso interno, as mudanças que acontecem no âmago do ser. O fato é que, devido a toda uma estrutura social e educacional, é muito difícil que as pessoas olhem para o seu próprio interior. Temos de encontrar com o nosso 'eu' rejeitado.

O lado negro da nossa personalidade tem sido menosprezado e demonizado por todas as culturas patriarcais do ocidente. Entretanto a solução dessa antiga contenda, calcada na rejeição das trevas em detrimento da luz, não está em destruí-las ou afastá-las, mas ao contrário, em compreendê-las ou resgatá-las. Se pudermos entender que luz e escuridão fazem parte da totalidade do nosso ser, que ninguém é somente luz ou apenas escuridão, teremos condições de investigar conscientemente nosso próprio interior. Acredito que todo o problema esteja em nossa própria obstinação em negar nossa parte Sombra e acreditar que somos eternamente bons, caridosos e justos. Se pudermos reconhecer nossos mecanismos de defesa e rejeição, acredito que teremos alguma chance de começar a realizar essa tarefa tão dolorosa, que é a de encontrarmos nossas próprias fraquezas, medos e neuroses, bem como todas aquelas coisas das quais, deliberadamente ou por imposição, abrimos mão em nossas vidas e que se tornaram um fardo tão pesado de se carregar.


Segundo Marc Barasch: ' A espiritualidade do jeito que foi reembalada para a nova era é um bolo de amor e luz, que dispensa a peregrinação, a penitência, a derrota e a queda, a tortura e a humildade.'

O poder é resultado de um enorme trabalho espiritual, de uma dedicação que termina numa total entrega de todos os falsos valores aos quais nos apegávamos, e finalmente ao chamado encontro com a Sombra, nossa Mente Profunda. O Verdadeiro poder está finalmente na remissão de nossa Sombra.Quanto mais eu reprimo e nego a mim mesmo, mais perco de vista meu lado sombrio, aumentando cada vez mais o fosse divisório.


Todo e qualquer esforço no sentido de nos tornarmos uma pessoa boa (leia-se, aceitável) resulta inevitavelmente no endurecimento cada vez maior da capa com que cobríamos nosso ego, uma capa ilusória de bondade. Criamos nossas máscaras e vivemos com elas, acreditamos nelas e lutamos pela sua manutenção. Não percebemos que tudo isso é tão-somente a manutenção de um ideal de ego bastante inconsistente e frágil, e que ao contrário a Sombra ganha cada vez mais força e energia, uma energia que poderíamos aproveitar em nosso benefício,, uma vez que é potencialmente positiva. Positiva no sentido de que é ela, Sombra, que é real e verdadeira, não possuindo dissimulações e falsidades do ego. Ela não possui máscaras, por isso temos tanto medo dela. Simplesmente não somos aquilo que pensamos que somos.
Para podermos iniciar um aprendizado verdadeiro e consistente, precisamos estar conscientes de que nossas vidas encontram-se estagnadas, que nossos valores não nos conduziriam a lugar nenhum e que as imagens que criamos a nosso respeito começam a se despedaçar."

Texto de Mário Martinez do livro: Wicca Gardneriana

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Rosário da Deusa

Venho me deparando com este rosário da Deusa há muitos anos e nunca lhe dei a devida atenção, tudo por uma questão de trato com o meu eu-feminino. Hoje, ele me resurge com uma força diferente, meu feminino vem sendo melhor trabalhado através de meditações e do trabalho com a Deusa, o que me permitiu abrir os olhos e ampliar a comunhão com as faces do feminino. Esta meditação foi extraída do livro: Os elementos da Deusa, de Catlin Matthews; Ediouro. Mas eu retirei do blog Witch Club House

"Trabalhando as Nove faces da Deusa

Conhecido como Rosário da Deusa. A intenção desta atividade é apresentar a vocês um método diferente e prático de contato e meditação diária com a Deusa. Criar o hábito de meditar aumenta consideravelmente nossa conexão, facilitando o trabalho mágico e o auto-conhecimento, pelo conhecimento das facetas da Deusa e de como Ela age em nossas vidas.
Para realizar tal trabalho, é necessário que tenhamos um Rosário da Deusa, feito de contas coloridas, dispostas de 3 em 3, das seguintes cores:preto, azul, cinza, laranja, amarelo, vermelho, violeta, anil, verde e branco.
A proposta, após ter o rosário é conhecer cada face da Deusa e construir o Templo Interior. Visualiza-se um templo, que tem 3 pátios externos, 3 internos e os últimos 3 são os chamados pátios da sabedoria.

O PRETO é a cor da Criadora de Tudo. Ela é a origem de tudo o que há, e deve ser vista como uma grande estrela, um coração de luz de imenso poder, que gerou tudo o que existe. Ela traz a noção do Todo. Feche os olhos e imagine a imensidão do cosmos, tenha a noção do Espaço. Ela contém todos os mistérios da Deusa: tempo, espaço e criação. Deusas ligadas a este aspecto são Dannu, Tiamat,Tellus Mater.

- Medite: faça uma lista de palavras cujos atributos lhe sugiram a palavra "Deusa"; que pontos da sua vida estão mais pressionados? Que impulso você necessita para conhecer melhor suas possibilidades? Qual é a base da sua vida?

No AZUL você encontra a Energizadora, que corresponde ao primeiro Pátio externo. Ela é pura energia sexual e vibração. Ela contém a dádiva da liberdade ilimitada. Ela é ao mesmo tempo loucura, entrega, embriaguez, energia vital. Seu lema é "tudo em excesso". Ela nos impulsiona além dos limites auto-impostos e contra tudo o que nos tolhe. Ela é a Senhora da pura alegria incontida. Seus símbolos são o Arco-íris e o Tambor. Deusas ligadas a este aspecto são Maeve, A Mulher Peyote, Afrodite, Inanna.

- Medite: o que o mantém ativo quando a rotina o sufoca? Que atividades lhe fornecem energia? Que áreas da sua vida precisam ser energizadas? Como vocês e transforma ao ser energizado?

No CINZA encontra-se a Medidora, que ocupa o segundo pátio externo. Bem representada pela Deusa Lachesis - uma das três Parcas, Senhoras do Destino, ela mede o fio da vida. Esta face nos fala de nossos limites, pois a liberdade ilimitada é a destruição do individual. Seus símbolos são a Roda e a Roca de Fiar. A medidora contém as funções do correr do tempo e da memória, os ciclos da natureza, as fases da lua. Exemplos de medidoras, além de Lachesis, são as Nornes, Macha, as Horas.

- Medite: Quais os limites definidos na sua vida? Quem fez esses limites? Que áreas da sua vida precisam da Medidora?

Na cor LARANJA você encontra a Protetora, no terceiro pátio externo. Ela protege os limites que a Medidora estabeleceu, surgindo para proteger a Criação. Seus símbolos são o Arco e o Escudo. Seja como guerreira, parteira ou protetorada infância, esta face da Deusa é a que surge da maternidade e da necessidade de defesa dos filhos. São Protetoras Modron, Durgha, Sekhmet, Atena e Artemis.

- Medite: descreva sua protetora ideal. Liste as pessoas que oprotegeram ao longo da vida. E as que você protegeu. De que forma você precisaser protegido? E como oferece proteção aos outros?

No AMARELO você penetra no primeiro pátio interno, que é o da Iniciadora. Como diz seu nome, Ela fornece a possibilidade da iniciação nos mistérios, mas exige uma profunda transformação, que implica em um verdadeiro renascimento. Seus símbolos são o Caldeirão e a Caverna. São exemplos de Iniciadoras Cerridwen, Deméter, Ísis.

- Medite: o que você imagina que se esconde para você atrás da porta dos mistérios? Por quais iniciações já passou em sua vida? Quais os iniciadores que conheceu, em todos os campos.

No VERMELHO você conhece a Desafiadora, no segundo pátio interno. Ela é a ceifadora implacável de tudo que não tem função, das estruturas, idéias, crenças, hábitos e pensamentos que não cabem mais na sua vida. Seus símbolos são a Caveira e o Labirinto do renascimento. São Desafiadoras: Morrigan, Cailleach, Chinamasta, Ereshkigal.

- Medite: Quais os desafios que a vida lhe oferece? Você vê os obstáculos como algo a ultrapassar? Quais os padrões repetitivos que a vida vive jogando em cima de você?

A Libertadora vem a seguir, com a cor VIOLETA e o terceiro pátio interno. Os processos da Iniciadora e da Desafiadora nunca se concluem sem dor, assim, a Libertadora vem nos livrar da lembrança dolorosa, nos colocando em seu símbolo, a Crisálida de onde surge uma Mariposa, bem como nos mostrando o símbolo da Corrente partida, que nos desconecta de nossas limitações do passado. Ela explora plenamente a natureza do sacrifício (tornar sacro), tornando todas as coisas sagradas, religando-as a seu objetivo original. São Libertadoras Rhiannon, Perséfone e Inanna.

Com o ANIL entramos no primeiro pátio da sabedoria, o da Tecelã. Este é o reino da Deusa que tece a teia da vida, quer como a Mulher Aranha, que tece a teia de tudo o que existe e interliga os seres nela, quer como a bruxa, Senhora da Magia, que molda o mundo. A Tecelã tem por símbolos a Máscara (porque se apresenta mutável) e a Teia de Aranha. É Ela que fala pelos oráculos, que ensina o poder da magia e a responsabilidade com o uso deste. São tecelãs Arianhrod, Hécate e Ísis.


- Medite: Para onde você direciona seus poderes criativos? Que máscaras você usa no mundo? Como usaria seus poderes mágicos? Em que áreas da sua vida você sofre mais decepções consigo mesmo?

No VERDE conhecemos o segundo pátio da sabedoria, que pertence à Preservadora. Ela fala dos modos como nos nutrimos e preservamos nosso lares e nosso fogo interior. Ela é a Senhora dos Grãos, a Terra verde e plena de frutos, a cornucópia inesgotável, Senhora do fogo das lareiras. Seus símbolos são um pote cheio de grãos e a fogueira. São Preservadoras: Héstia, Ceres, Vesta, a Mãe do Milho.

- Medite: o que mantém sua vida, do ponto de vista físico, mental, criativo, emocional e espiritual?

As contas BRANCAS nos conduzem ao ultimo dos pátios antes de retornarmos ao coração da Criadora de Tudo. É a sala Daquela que Dá Poderes, cujos símbolos são um espelho e um cachimbo. Essa face é a da Senhora da Compaixão e aceitação de todos os seres. Ela nos torna conscientes de nossos dons, fazendo com que aflorem no serviço da Deusa. Ela é a Deusa agindo no mundo. Pertencem a essa face Kwan-Yin, Ísis, Lilith, Brighid e a Mulher Búfalo Branco.


- Medite: quais são seus tesouros? Que dons você tem e não exercita? De que forma você dá ou tira poderes de si mesmo?

¹FAZER MEDITAÇÃO CADA SEMANA COM UMA FACE DA DEUSA.
( todos os dias da semana)
- A energizadora; faz com que as coisas se movam
- A medidora; define os limites
- A protetora; protege os limites
- A iniciadora; aprofunda a experiência, recriando as coisas
- A desafiadora; faz oposição e questiona, a fim de que as coisas cresçam, mas também destrói; o que é velho e fore de moda
- A libertadora; traz libertação
- A tecelã; faz uniões
- A preservadora; alimenta e nutre
- A que dá poderes; traz sabedoria
-Como você deve ter reparado, são 10 faces, mas na realidade são 9, pois a criadora não conta, ela está em todas...

O Rosário da Deusa é um trabalho rico e depois de se conhecer cada face e construir o templo interior, se pode realizar uma variedade grande de estudos revendo cada face e conectando-a com as outras. É um trabalho profundamente transformador, se feito em uma dimensão mágica. 

¹ Extraído do blog: Vivendo a magia natural

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Tempo de renascer e criar! - Estou de volta!!!!! =)

 O tempo de calmaria passou, não a calmaria plena, mas a angustiante. A angústia de antever as amplas possibilidades engessadas na falta de ação. A energia da transformação chegou! É hora dos planos, das vontades, das verdades emergirem e se transformarem em potencial, em vivência; em VIDA!

                                                                        Sobre o mês de abril

¹'Originalmente inspirado em Aphodite, a deusa grega da vida e do amor, o nome deste mês foi adaptado pelos romanos para Aprilis, 'o tempo das flores e folhas em botão'. A palavra "aperire" significava abrir, lembrando o atributo menos conhecido desta deusa; o de guardiã do portal da vida.
 Abril é o mês de abertura no hemisfério nórdico: abertura da terra, para receber as sementes; das sementes, que germinam e dos botões que abrem em flor.No calendário sagrado druídico, a letra Ogham correspondente é Huathe, a árvore sagrada é o espinheiro e o lema é 'juntar forças para ir adiante'A pedra segrada deste mês é o diamante e as divindades regentes são as deusas Afrodite, Flora, Perséfone, Cibele, Kwan Yin, Ártemis, Bau, Anahit, Coatlicue, Mayahuel, Bast, Hathor, Ishtar e o Deus Verde da vegetação.
Os povos nativos tinham vários nomes para este mês: Lua da Semente, Lua do Plantio, Lua das Árvores em botão, Lua do Semeador, Lua da Lebre, Lua da Relva Verde, Lua das Árvores que Crescem, Lua cor-de-rora, Mês do crescimento.Mesmo estando no hemisfério sul, em um país tropical com estações invertidas, você pode usar a antiga égregora deste mês para avaliar e renovar as sementes de seus projetos e empreendimentos. Cuide de seu jardim (exterior e interior), abra as portas para o florescimento, celebre a beleza e o amor, inicie uma nova etapa para o seu crescimento'.


                                                           Símbolos da transformação







²A psicanálise moderna vê na borboleta um símbolo de renascimento. É considerada um símbolo de ligeireza e de inconstância, de transformação e de um novo começo. Não há outro animal que passe por uma metamorfose tão intensa e completa. Este poder de autotransformação é a energia de cura da borboleta dentro da visão xamânica. Mas a borboleta também nos traz outros significados, como liberdade, beleza e auto-estima.
Todos os estágios pelos quais passa ela passa - ovo, larva, casulo e o novo nascimento como borboleta - são estágios que simbolizam o processo evolutivo da alma. A crisálida é o ovo que contém a potencialidade do ser; a borboleta que sai dele é um símbolo de ressurreição. 
Quando a larva penetra em seu casulo escuro, ela representa o processo de autoconhecimento que se dá conosco quando penetramos profundamente em nosso interior. A partir do verdadeiro contato com o nosso íntimo podemos perceber nossas riquezas e beleza pessoal, provenientes de nossa essência. A partir de nossos mistérios aprendemos que podemos criar beleza. Isto nos traz um sentimento de liberdade e auto-estima.
Nossa alma está sempre passando pelos estágios da borboleta, repetidamente, numa espiral ascendente dentro do caminho evolutivo, atingindo uma oitava acima quando o ciclo é completado.
 
 
 
Runa Dagaz é a runa do amanhecer, do renascimento e transformação. É a runa que ultrapassa os antigos limites e possibilita novos começos.
³Eis a runa que pertence ao ciclo de iniciação. Desenhando Dagaz, frequentemente assinala um grande avanço no processo da mudança, uma completa transformação de atitude, uma virada de 180º. Para alguns a transição é tão radical que nunca mais vão continuar a viver as suas vidas normais de uma maneira normal. Porque é o momento certo e o resultado aqui é assegurado sem ser previsível. Em cada vida existe pelo menos um momento que se for reconhecido e aproveitado transforma o curso dessa vida para sempre. Entregue-se por isso a uma confiança total mesmo que o momento lhe sugira um salto de mãos vazias no vazio.
Um grande período de concretização e prosperidade é frequentemente introduzido por esta runa. As trevas estão por detrás de si e a luz do dia está a nascer. No entanto você é lembrado a não se perder em pensamentos sobre o futuro ou de se comportar negligentemente nesta nova situação. Neste tempo de transformação é necessário algum trabalho sério. Faça-o alegremente. 

 
³ Dagaz

domingo, 4 de novembro de 2012

Primeiro espaço sagrado - O EU!

Hoje, ao longo de tantas etapas de aprendizagem, noto que o cuidado com o nosso primeiro espaço sagrado deve ser prioridade. Nosso primeiro espaço sagrado é o nosso corpo, nosso veículo de comunicação, de interação com as outras formas divinas expostas no universo. Nosso trabalho com as palavras, com os pensamentos, com nosso corpo, nosso toque tem que ser feito a medida que reconhecemos a riqueza em cada um desses atos, em cada uma dessa interação que existe nossa energia depositada.




"Tudo é uma questão de encontrar o sagrado dentro de mim mesmo, meu centro, meu interior pacífico. Nós todos temos um espaço sagrado dentro de nós, que é uma parte de nosso ser. Esse espaço sagrado é um templo que nos conduz até o nosso poder interior, nossa intuição e nossa relação com o divino. A descoberta de poderes psíquicos, encantos, feitiços e a meditação são coisas que nos levam até esse templo. Esse fatores nos ajudam a encontrar o caminho dentro de nós e nos faz caminhar até o templo interior."¹



Ao trabalhar o desenvolvimento psíquico dentro da esfera da magia deve-se formar um princípio fundamental tanto para a compreensão intelectual como para a experiência espiritual¹.
Precisamos, inicialmente, descobrir o que nos motiva, com o que nos identificamos, conhecer o básico mas utilizar aquilo que conversa com você. Lembrando sempre de engrandecer o que já foi edificado por você ao longo de sua evolução, no percurso de suas vidas. Seu compromisso de renovação deve ser diário, vivido pelos ciclos, tanto pelos seus ciclos quanto pelos da Terra, entrando assim, em sintonia com os poderes da vida.

"A divindade é inerente a todas as coisas, materiais e espirituais. A força divina é aparente em toda vida e forma".¹


Alimente-se corretamente! Tente ouvir e entender o que o seu corpo pede, o que sua alma anseia.
O alimento para o corpo físico, para a alma, para o pensamento devem trazer o equilíbrio entre os elementos que constituem o seu corpo. Medite! Isso alimenta sua mente. A paz é o alimento da alma. Sorria, é o alimento da vida!

Vamos caminhar juntos!
Bençãos plenas no seu caminhar!
¹Extraído do Templo interior da bruxaria - magia, meditação e desenvolvimento psíquico de autoria de Christopher Penczak.





quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O trabalho com a intuição



Ao buscar o despertar da intuição a primeira coisa que me vem a mente, é o resgate. Resgate da sabedoria que está contida em nossa vida desde os primódios, desde as nossas outras vidas. A intuição é se permitir, ouvir a experiência dos nossos antepassados, das nossas vidas passadas, dos nossos desejos e dos que nos acompanham e protege na jornada.
O culto aos deuses conduz esta base de comunicação e aperfeiçoamento com o(s) nosso(s) dom(ns) natural(is): do ouvir, do sentir, do fazer. Nossas ações, pautadas na delicadeza do conhecimento das consequências é uma prova rica de como estamos sensíveis ao que nos cerca e do poder que temos.
Para isso, devemos estar purificados, concentrados e dedicados a nosso objetivo. Curar feridas, purificar nossos corpos e mentes, preparando nosso organismo para a benção da comunicação com o nosso eu mais profundo é uma forma de respeito a nossa história vinculada ao mundo. E é uma forma ativa de comungar com este mesmo mundo.
Respeitar e comungar nossa real natureza é uma forma de nos purificar do que atraimos e mantemos de nocivo em nossas vidas, nossas curas, como forma de purificação, é uma forma de ritualística, de comungar com o sagrado e nos tornar sagrados. Respeitando nosso corpo como um templo.



"A cura com os rituais¹
A ligação entre cura e ritual é comprovada nos antigos relatos pela semelhança entre curadores, magos, xamãs, mestres rúnicos e videntes. Nos tempos pagãos, atribuíam-se às rainhas, às xamãs, às curandeiras e até mesmo às senhoras das propriedades (responsáveis pelo bem estar daqueles que moravam ao seu lado), o dom de curar pela imposição de mãos ou o uso de ervas, unguentos, cataplasmas e poções. Em certos casos, eram recomendadas alimentações específicas ou jejuns, isolamento e meditação, além da retificação de hábitos e comportamentos prejudiciais visando realinhar os campos sutis. 
A terapia era acompanhada de oferendas para os seres da natureza e recomendava-se a conexão consciente com os ciclos lunares, os ritmos naturais e também o culto dos antepassados.
Uma antiga prática de cura por elas usada era transferir a doença para objetos que eram depois queimados ou enterrados. Outra técnica xamânica descreve como a curadora se deitava de barriga para baixo sobre o doente e soprava na sua boca, dando-lhe depois um chá de ervas para dormir."

O mergulho na intuição reflete nesta primeira etapa de cura que está associada ao mergulho interior, um caminho longo e nada fácil, onde deverá libertar-se das amarras, criadas muitas vezes, por nós mesmos e entender que a dinâmica do mundo está baseada na união de princípios opostos – vida/morte – que acontecem no ventre da Terra, revelando como cada nova forma de vida é criada a partir de uma morte anterior. E a morte deste nosso eu anterior, desse nosso eu 'casca', criado como defesa para enfrentar nossos receios cotidianos, deve ser uma morte constante, consciente e gradual de todas as etapas; de tudo o que finda e do espaço que deixamos para a nossa (re) construção, o nosso despertar. E o (re)nascimento sempre é e será, um ato divino.



²Crie um espaço sagrado no seu lar, não somente através de um altar, mas usando sua inspiração, imaginação e amorosidade para que todos se sintam bem, protegidos, nutridos e amados;
2. Crie momentos sagrados – para si mesma ou compartilhando-os com amigos e familiares – caminhando na natureza, ouvindo música suave, jantando a luz de velas, lendo textos que nutram a alma, enriqueça a sua mente e elevem o espírito;
3. Entre em comunhão com a natureza, honrando a Deusa em todos os seus aspectos e manifestações. Não basta encher sua casa de plantas se você não entrar em contato real e profundo com a terra, a chuva, o vento, as nuvens, o Sol, a Lua, os animais – seus irmãos de criação;
4. Respire e consagre seu corpo como a morada da sua alma durante esta encarnação. Procure viver de forma saudável, fazendo suas opções com consciência, sem se agredir e sem culpar – a si ou aos outros – pelos seus problemas ou compulsões. Coma bem para viver melhor. Observe suas fugas e compensações, cuide da sua “criança” carente ou ferida ajudando-a a crescer, curando-a com amor e dando-lhe os meios adequados para se tornar forte e auto-suficiente;
5. Manifeste sua criatividade – escreva, borde, pinte, desenhe, faça colagens, modele argila, cante, recite, dance, aprenda algo novo, componha um poema ou canção, faça pão, comece um diário de sonhos. A mulher que não dá vazão construtiva à sua imensa capacidade criativa pode torná-la em energia destrutiva – contra si ou contra os outros;
6. Coloque em prática os ensinamentos espirituais. Não se contente em ler inúmeros livros ou participar de cursos e workshops se você não pratica aquilo que aprendeu. Para mudar, precisa viver de forma consciente, reconhecer e transmutar seus pensamentos negativos e ser sincera nas avaliações – suas e dos outros. Todas as experiências dolorosas da vida são aprendizados cujas lições podem contribuir para sua transformação. Algumas mensagens levam momentos para serem assimilados, outras, meses ou anos. Quando começar a compreender o significado dos acontecimentos da sua vida, você começou a crescer de fato e assim poderá abrir novas portas na sua vida, se usar a chave certa;
7. Encontre o equilíbrio entre o falar e o silenciar, se movimentar ou se aquietar. Procure se relacionar com pessoas que compartilham das mesmas buscas e que têm o mesmo nível vibratório. Participe de círculos de mulheres em que possa encontrar apoio para a sua jornada espiritual, em que possa confiar para expressar suas dores ou suas conquistas. Celebre a Deusa sozinha ou em grupo, encontrando assim a verdadeira fonte de seu poder, da sua cura e transformação. Cultive a Deusa dentro de você reconhecendo a sacralidade do seu corpo, da sua mente, das suas emoções, da sua vida. E ao reconhecer a Deusa dentro de si, você se tornará uma com Ela.

O nosso desejo é o que nos move.



¹ Jornal Deusa Viva, Teia de Theia, maio de 2012, n. 151 
²Faur, Mirella:O poder da Deusa consagrando o cotidiano extraído de http://teiadethea.org
 Faur, Mirella: Antigos Cultos à Mãe Terra. extraído de http://teiadethea.org


terça-feira, 18 de setembro de 2012

A jornada da donzela no caminho da magia

Desde o surgimento de Morrigham em minha vida venho tentando descobrir seus aspectos além da anciã e não foi um caminho fácil, aliás, não é um caminho simples. A energia de Morrigham é libertadora e bem estruturada mas de difícil acesso. Minha busca a este conhecimento se deu por me identificar pouco ao aspecto anciã, pelos mais diversos motivos: inicialmente, por pensar em uma anciã, como uma senhora de idade e o máximo que me aproximo é do aspecto balzaquiana (rs) depois, por minha jornada na bruxaria estar no início, no processo de descoberta e de aceitação de limites, testar minhas ações e aprender a enxergar além do ego. Então, minha questão por um longo tempo foi: como é Morrigham donzela? Como é sua jornada até chegar a sua sabedoria da anciã?


Um foco de estudos que vem me auxiliado a descobrir este caminho tem sido o tarot, a ampliação de perspectivas através do desenvolvimento da visão, da interpretação das histórias e do simbolismo.
A donzela me remete as primeiras cartas dos arcanos maiores, onde se dá o contato com os elementos, com as divindades, como também devemos aprender a canalizar as energias e encontrarmos em sintonia com o divino, através do respeito e da dedicação mas com espiríto aventureiro e até audacioso. Neste momento surge o conhecimento de nossos dons e aptidões, nossos desejos se afloram e a partir da vivência poderemos verbaliza-los e lutar para que se realizem através das nossas ferramentas.
Uma dessas ferramentas é nossa intuição, devemos ouvir nossa voz interior frente ao que está em expansão em nossa realidade, já temos o desejo, o início do conhecimento e o amadurecimento de nossa intuição que irá auxiliar nosso caminho. Nossa energia é fluida, nossa dedicação é lenta mas o potencial é imenso. 


No caminho da bruxaria a donzela tem a "função de aflorar as dávidas e o amor da Deusa por intermédio do culto sexual, além de curar, profetizar."¹
É o momento do desabrochar da sexualidade, da feminilidade; está associada a Primavera, que é o  momento dos novos inícios, do (re) começo. 
Na bruxaria "corresponde a fase crescente e até nova da lua. Representa a juventude, a vitalidade, a antecipação da vida, o início da criação, o potencial de crescimento, a semente do 'vir a ser'.²" 

A donzela surge como um despertar a liberdade mas a guardiã de seus atos deve ser a disciplina. A quantidade de energia que emana é gigantesca e proporcionamente inversa ao seu controle. Neste momento rege o testar, o provar o que lhe for desconhecido. Neste momento deve-se  buscar o amparo na sabedoria dos antigos, pois a liberdade que mantêm o coração da donzela puro não a protege das consequências dos seus atos. A liberdade é grande em meio a sua energia pouco desbravada. Seu início é certo meio ao desconhecido.
É uma energia propulsora e em crescente expansão. A donzela estará presente em cada novo momento de sua vida, seja em uma descoberta que provoque um sorriso ou no desejo de aprender mais.


Fontes: 
¹Prieto, Claudiney. Todas as Deusas do Mundo. Editora Gaia.
²Faur, Mirella. O anuário da Grande Mãe. Editora Gaia.

domingo, 9 de setembro de 2012

Sabedoria do silêncio interno - Lições tão importantes!!!


 
Pense no que vai dizer antes de abrir a boca. Seja breve e preciso, já que cada vez que deixa sair uma palavra, deixa sair uma parte do seu Chi (energia).
Assim, aprenderá a desenvolver a arte de falar sem perder energia.
Nunca faça promessas que não possa cumprir. Não se queixe, nem utilize palavras que projetem imagens negativas, porque se reproduzirá ao seu redor tudo o que tenha fabricado com as suas palavras carregadas de Chi.
Se não tem nada de bom, verdadeiro e útil a dizer, é melhor não dizer nada.
Aprenda a ser como um espelho: observe e reflita a energia.
O Universo é o melhor exemplo de um espelho que a natureza nos deu, porque aceita, sem condições, os nossos pensamentos, emoções, palavras e ações, e envia-nos o reflexo da nossa própria energia através das diferentes circunstâncias que se apresentam nas nossas vidas.
Se  identifica-se com o êxito, terá êxito. Se  identifica-se com o fracasso, terá fracasso.
Assim, podemos observar que as circunstâncias que vivemos são simplesmente manifestações externas do conteúdo da nossa conversa interna. Aprenda a ser como o universo, escutando e refletindo a energia sem emoções densas e sem preconceitos.
Porque, sendo como um espelho, com o poder mental tranqüilo e em silêncio, sem lhe dar oportunidade de se impor com as suas opiniões pessoais, e evitando reações emocionais excessivas, tem oportunidade de uma comunicação sincera e fluida.
Não se dê demasiada importância, e seja humilde, pois quanto mais se mostra superior, inteligente e prepotente, mais se torna prisioneiro da sua própria imagem e vive num mundo de tensão e ilusões.
Seja discreto, preserve a sua vida íntima. Desta forma libertar-se-á da opinião dos outros e terá uma vida tranqüila e benevolente, invisível, misteriosa, indefinível, insondável como o TAO.
Não entre em competição com os demais, a terra que nos nutre dá-nos o necessário. Ajude o próximo a perceber as suas próprias virtudes e qualidades, a brilhar. O espírito competitivo faz com que o ego cresça e, inevitavelmente, crie conflitos. Tenha confiança em si mesmo. Preserve a sua paz interior, evitando entrar na provação e nas trapaças dos outros.
Não se comprometa facilmente, agindo de maneira precipitada, sem ter consciência profunda da situação.
Tenha um momento de silêncio interno para considerar tudo que se apresenta e só então tome uma decisão.
Assim desenvolverá a confiança em si mesmo e a Sabedoria. Se realmente há algo que não sabe, ou para que não tenha resposta, aceite o fato.
Não saber é muito incômodo para o ego, porque ele gosta de saber tudo, ter sempre razão e dar a sua opinião muito pessoal. Mas, na realidade, o ego nada sabe, simplesmente faz acreditar que sabe.
Evite julgar ou criticar. O TAO é imparcial nos seus juízos: não critica ninguém, tem uma compaixão infinita e não conhece a dualidade.
Cada vez que julga alguém, a única coisa que faz é expressar a sua opinião pessoal, e isso é uma perda de energia, é puro ruído. Julgar é uma maneira de esconder as nossas próprias fraquezas.
O Sábio tolera tudo sem dizer uma palavra. Tudo o que o incomoda nos outros é uma projeção do que não venceu em si mesmo.
Deixe que cada um resolva os seus problemas e concentre a sua energia na sua própria vida. Ocupe-se de si mesmo, não se defenda.
Quando tenta defender-se, está a dar demasiada importância às palavras dos outros, a dar mais força à agressão deles.
Se aceita não se defender, mostra que as opiniões dos demais não o afetam, que são simplesmente opiniões, e que não necessita de os convencer para ser feliz.
O seu silêncio interno torna-o impassível. Faça uso regular do silêncio para educar o seu ego, que tem o mau costume de falar o tempo todo. Pratique a arte de não falar.
Tome algumas horas para se abster de falar. Este é um exercício excelente para conhecer e aprender o universo do TAO ilimitado, em vez de tentar explicar o que é o TAO.
Progressivamente desenvolverá a arte de falar sem falar, e a sua verdadeira natureza interna substituirá a sua personalidade artificial, deixando aparecer a luz do seu coração e o poder da sabedoria do silêncio.
Graças a essa força, atrairá para si tudo o que necessita para a sua própria realização e completa libertação.
Porém, tem que ter cuidado para que o ego não se infiltre… O Poder permanece quando o ego se mantém tranqüilo e em silêncio. Se o ego se impõe e abusa desse Poder, este converter-se-á num veneno, que o envenenará rapidamente.
Fique em silêncio, cultive o seu próprio poder interno. Respeite a vida de tudo o que existe no mundo.
Não force, manipule ou controle o próximo. Converta-se no seu próprio Mestre e deixe os demais serem o que têm a capacidade de ser.
Por outras palavras, viva seguindo a via sagrada do TAO
 
 
Este texto foi retirado integralmente do site: http://www.hierophant.com.br tamanha sua riqueza e sabedoria. =)